Já parou para pensar como as situações vivenciadas por você não determinam a forma como você pensa, sente e reage? O que determina é a sua percepção acerca das situações. Nesse texto você vai entender melhor como usar as suas emoções a seu favor.

“Identifique seus esquemas emocionais e liberte-se da ANSIEDADE e da DEPRESSÃO”. Esse é o subtítulo do livro “Não acredite em tudo que você sente”, do psicólogo Robert L. Leahy, que inclusive é um livro excelente sobre Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para leigos. É um livro com abordagem objetiva e muito psicoeducativa. 

A TCC considera que as pessoas pensam > sentem > agem. Ou seja, a forma como pensam (interpretam uma situação), interfere e determina as suas emoções (sentimentos) e os seus comportamentos (ações). Vale ressaltar que não é sempre que essa sequência é linear assim. É possível que ações interfiram em pensamentos, emoções em pensamentos, e assim por diante. 

Emoções

Existem cinco emoções básicas, são elas: alegria, tristeza, raiva, medo e nojo. Ao contrário do que muitos pensam, não existem emoções “boas”  ou “ruins”. A verdade é que todas as emoções têm funções essenciais em nossa vida. O que nós usamos de critério, muitas vezes, para “classificá-las”, são a intensidade e frequência com as quais são sentidas, ou a sensação de bem-estar ou mal estar que geram.

Portanto, todas as emoções devem ser sentidas. Porém, observe o poder dado a delas, a mensagem que elas querem passar, bem como se elas condizem com a realidade, e para onde ela estão te levando. 

Exemplo prático da influência das emoções

A ansiedade para uma prova pode ser positiva, caso o medo de não tirar uma nota boa te ajude a se organizar, estudar e se preparar para ela. Contudo, ela pode ser prejudicial caso você fique tão ansioso a ponto de paralisar, não conseguir se concentrar e/ou procrastinar.

Emoções X Comportamentos

Frequentemente, emoções são confundidas com pensamentos. A TCC é uma abordagem que te ajuda a entender melhor a diferença entre eles. Uma maneira de diferenciá-los é buscar evidência diante do pensamento, ou seja, se perguntar se o pensamento é verdadeiro ou falso. 

Além disso, é possível também que você pense sobre seus pensamentos e tenha sentimentos sobre os seus sentimentos. Por exemplo, sentir-se ansioso a respeito da sua ansiedade (achar que ela não está sob seu controle ou que não tem solução para ela), provavelmente fará você se sentir ainda mais ansioso.  

Relacionamento com as emoções

A partir do momento em que nascemos, já começamos a ter emoções. Porém, enquanto bebês, não sabemos nomeá-las. Durante a infância, vamos começando a entender o que acontece e a descrever o que sentimos. É muito importante que a família valide os sentimentos da criança para que, quando adultos, haja mais facilidade para perceber, nomear, lembrar e acolher as emoções.

Relação da infância com os sentimentos 

Você já ouviu: “Não tem porquê chorar!”, “Engole o choro!”, “Isso não é um problema de verdade!”? Culturalmente, choro, raiva, tristeza, medo, ansiedade são vistas como emoções negativas e muitas pessoas têm seus sentimentos invalidados. Adultos tendem a olhar para o mundo da criança com a “lente” de um adulto. Por exemplo, se o brinquedo de uma criança quebra e ele fica chateado, um adulto poderia dizer “Isso não é um problema de verdade, você tem vários outros brinquedos”. Mas a realidade é que está tudo bem ela ficar chateado, o certo seria acolher essa dor e buscar uma solução junto a ela. 

Assim, tendemos a reprimir sentimentos, e não expressar ou falar com alguém sobre situações desconfortáveis e, com isso, ficamos sobrecarregados emocional e psiquicamente, simplesmente pelo receio de sermos invalidados como já fomos um dia. 

Portanto, não acredite em TUDO que você sente, mas acolha, valide e dê atenção. É essencial saber identificar as emoções para podermos fazer a escolha de, quando necessário, modificar ou regulá-las. A psicoterapia é um excelente meio para a compreensão e ressignificação de emoções e de crenças sobre si mesmo. 

5 partes da emoção

Leahy aborda no livro “Não acredite em tudo que você sente” a proposta de que as emoções são compostas por cinco partes. São elas: sensações, crenças, objetivos, comportamentos e tendências pessoais. 

Sensações: Onde você sente a emoção no seu corpo? Exemplo: ansiedade – tensão nos ombros.

Crenças: O significado da sua emoção. Exemplo: tristeza – você acredita que você não é importante para ninguém.

Objetivos: É a causa. Exemplo: “preciso chegar na hora”, está muito trânsito e sinto raiva PORQUE tinha o objetivo de chegar no horário.

Comportamentos: Como você age a partir da sua emoção. Exemplo: você pode se afastar das pessoas quando está triste. 

Tendências interpessoais: Diz respeito a singularidade da emoção. Exemplo: Uma pessoa triste pode buscar apoio, ir a terapia, chamar um amigo para fazer companhia… 

 

Texto escrito por: 

Natália Alves Bicho
E-mail:
natyabpsi@gmail.com

Profissional Responsável: Renata Borja Pereira Ferreira de Mello | Psicóloga – CRP: 04/13403.

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