Vivemos em um mundo cada vez mais acelerado, em que o estresse se tornou algo recorrente e corriqueiro. Mas, muitas vezes, não temos conhecimento do quanto ele nos afeta e adoece, seja psíquica ou fisicamente.

Para falarmos de saúde mental, precisamos, em primeiro lugar, falar do adoecimento e compreendermos como ele é gerado. Há dois fatores importantes para sua origem: a vulnerabilidade e o estresse. Quando tais fatores se associam de determinada forma, estes propiciam o adoecimento humano. 

Apesar de o estresse ser um termo amplamente conhecido, é provável que a vulnerabilidade não seja, ainda que todos nós tenhamos algum nível de vulnerabilidade. E o que seria a vulnerabilidade? O que trazemos da nossa herança genética ou biológica, assim como o que trazemos das crenças, do mundo em que vivemos, das circunstâncias em que nascemos, do nosso ambiente – resumindo, a vulnerabilidade é tudo o que vem conosco internamente, que nos fragiliza diante de situações estressoras.

Há pessoas que terão uma vulnerabilidade mais baixa, enquanto que outras terão uma vulnerabilidade mais elevada para o desenvolvimento de determinados transtornos e doenças.  A grande questão é: quem adoecerá primeiro? De modo a respondermos esta pergunta, podemos imaginar o ser humano como um copo. Tendo esta analogia em mente, quem adoeceria primeiro: aquele que está com o copo mais vazio, pela metade ou praticamente cheio? Certamente aquele que estiver com o copo mais cheio, pois apenas um pouquinho de estresse seria suficiente para adoecê-lo.  

Para que possamos compreender ainda mais a relação existente entre a vulnerabilidade, estresse e adoecimento, podemos refletir acerca de duas situações: um jovem adoeceu ao vivenciar um abuso sexual, enquanto que outro, adoeceu ao ser motivo de riso pelos colegas, em virtude de um acontecimento na sala de aula. Dentre eles, qual jovem está mais vulnerável? Primeiramente, independente da razão que propiciou o adoecimento, precisamos compreender que ambos estão em sofrimento. Logo, não podemos diminuir o evento vivenciado pelo segundo jovem, por entendermos como algo ínfimo, e validarmos apenas o que fora vivenciado pelo primeiro jovem, em virtude da seriedade de sua vivência. Pode ser ínfimo para nós, mas o fato é que a vulnerabilidade do segundo jovem estava muito elevada, sendo assim, bastou ser motivo de riso, para propiciar seu adoecimento.

Apesar de estarmos acostumados a achar que o adoecimento ocorre apenas em virtude de um estresse muito elevado, isso não é verdade. Como podemos observar, a partir do exemplo anterior, o adoecimento depende do nível de vulnerabilidade que cada um possui, sendo, portanto, algo variável.

Diante disso, talvez você esteja se perguntando: como identificamos uma elevada vulnerabilidade? A elevada vulnerabilidade está relacionada:

  • à perda ou ao risco de perda de algo que seja considerado um valor ou que seja importante para o sujeito, como segurança física, emprego, saúde e etc.;
  • às ideias de falta de recursos e de capacidade para lidar com problemas;
  • à dificuldade de regulação emocional e de criação de estratégias comportamentais mais funcionais;
  • à invalidação emocional, ou seja, ter tido familiares ou pessoas próximas que não validaram seus sentimentos, ao dizerem, por exemplo, que estes se tratavam de uma bobagem, algo ridículo ou sem sentido; 
  • ao histórico familiar, crenças familiares negativas e desajustadas;
  • à dificuldade de se ajustar à perda recente de entes queridos, morte, separação ou distanciamento social;
  • ao histórico de transtornos psicológicos familiares. 

No entanto, cabe ressaltar que, apesar de os fatores mencionados propiciariarem o desenvolvimento de uma elevada vulnerabilidade, nem todas as pessoas que os possuírem terão uma elevada vulnerabilidade, ou seja, não se trata de uma relação de causa e efeito, mas de uma relação probabilística. Além disso, a vulnerabilidade é uma característica individual, logo, o que é uma vulnerabilidade para mim, pode não ser uma vulnerabilidade para você. Sendo importante, portanto, identificá-las de modo pessoal. 

Dito isso, quais estratégias você pode utilizar para vencer o estresse? 

  • Desenvolva e reforce pensamentos, emoções e comportamentos mais assertivos e funcionais, adotando um autoconceito positivo, expectativas otimistas realistas sobre si, o mundo e o futuro;
  • Acolha e compreenda suas vulnerabilidades individuais, a fim de utilizá-las de forma mais funcional e saudável;
  • Permita-se sentir as emoções, exercite a gratidão, autocompaixão, esperança e busque dar significado aos sofrimentos vivenciados; 
  • Tire o foco do problema, coloque-o na resolução e nas ações que podem ser controladas por você;
  • Busque definir metas e prioridades, além de tomar decisões sábias e responsáveis; 
  • Procure equilibrar o tempo e a dedicação a suas áreas da vida. Insira na sua rotina o autocuidado e busque se engajar em algo que tenha sentido, propósito e significado.

São pequenas estratégias como essas que farão uma grande diferença, proporcionando a você mais bem-estar emocional.

Profissional Responsável: Renata Borja Pereira Ferreira de Mello Psicóloga – CRP: 04/13403⠀

 

 

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