Atitudes e crenças relacionadas ao sucesso em diferentes gerações : perspectivas intergeracional e intercultural

A motivação que deu origem a essa pesquisa teve início no nosso atendimento clínico psicológico, ao constatarmos a existência de uma alta frequência de crenças incapacitantes, relacionadas ao fracasso, sobretudo entre os mais jovens. O presente trabalho tem como finalidade analisar e compreender, as diferenças geracionais dos significados de sucesso, assim como as crenças e comportamentos individuais associados a ele, e suas especificidades num contexto intercultural e intergeracional. Para a realização dessa pesquisa, foi elaborado um questionário online, disponibilizado nas redes sociais, no qual participaram e responderam 291 pessoas (brasileiros e portugueses) sobre questões, relativas ao sucesso. A investigação fundamentou-se, destarte, nas respostas dadas a essas questões. Examinou-se e discutiu-se, então, as crenças pessoais relativas ao significado de bem-sucedido e as prioridades envolvidas na avaliação do termo, assim como as crenças e comportamentos individuais de autoconceito, autovalor, capacidade, otimismo, pessimismo, preocupações, perfeccionismo, hábitos de organização, planeamento e capacidade de distribuição do tempo. Constatou-se, dessa maneira,, a necessidade de uma ressignificação do termo, uma vez que os significados mais recorrentes, no senso comum, ligados ao sucesso económico, não se mostraram compatíveis com os significados outorgados pela maior parte dos participantes da pesquisa que foram frequentemente associados à felicidade, ao bem-estar, à família, à realização, qualidade de vida e ao sentido da vida. Essa ambiguidade do termo sucesso, mais comumente mencionado como sinónimo de riqueza, fama e poder, e, continuamente, associado à excelência, à perfeição e à elevados resultados desportivos, escolares, profissionais, empresariais, tem afetado sobretudo os jovens. A maioria dos respondentes pesquisados conceituou-se como bem-sucedido, demonstrando existir uma flexibilização conceitual do conceito de sucesso. Os grupos mais jovens, além de se compreenderem menos bem-sucedidos, demonstraram um maior antagonismo de significados, o que indicou uma incompatibilidade entre o que eles entendem por ser bem-sucedido e o que realmente valorizam para se julgarem bem-sucedidos. Por outro lado, os mais velhos mostraram-se mais resilientes, menos pessimistas, menos preocupados e menos receosos com o fracasso, o que contribui e exprime saúde física e emocional.

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