Conversando com uma amiga essa semana observamos que as mulheres têm uma tendência a ocuparem mais cargos de bastidores, de ação e realização, do que cargos de liderança. Apesar de existir um número de vagas mínimo destinadas às mulheres nas chapas dos partidos políticos, muitas vezes elas não são ocupadas, deixando as chapas incompletas por falta de mulheres.  Apesar da mulher gostar de ajudar e cuidar a representatividade do gênero feminino na política é muito pequena em comparação à masculina.

Há 7 anos eu estava muito incomodada com o crescimento da criminalidade no meu bairro.  O número de vizinhos que já tinha sofrido algum assalto à mão armada dentro de casa sofrendo ameaças estava em crescimento e diante desse cenário decidi que não podia me abster.

Reuni alguns vizinhos e procurei a Polícia Militar. Iniciamos a implementação da rede de vizinhos protegidos no bairro. Fomos o primeiro bairro de BH a ter uma Rede de vizinhos em parceria com a polícia no Telegram. Por meio deste aplicativo, conseguimos uma comunicação mais rápida e hoje contamos com a parceria da Guarda Municipal também. 

Bastou uma ação e várias parcerias se formaram. Num bairro vizinho vi também uma outra mulher encabeçar o mesmo trabalho com êxito. Já foi o tempo em nós mulheres exigíamos o direito de trabalhar, de votar, de participar…

Hoje, apesar de termos ganhado todos esses direitos, não é incomum ver mulheres refletindo sobre a emancipação da mulher e suas vantagens quando se deparam com o turbilhão de tarefas e o corre-corre da vida moderna. Melhor mesmo seria se tivéssemos inúmeros braços e olhos, assim como algumas entidades divinas do budismo ou se pudéssemos nos transformar numa espécie de super-heroína tipo Mulher Maravilha.

No passado o papel feminino esteve muito relacionado com o cuidar e o criar, enquanto que o papel masculino era o de prover e defender. A mulher não tinha voz própria, não tinha direito ao voto, sendo assim, totalmente submissa ao homem.

As mudanças culturais trouxeram mais liberdade à mulher, mais autonomia, mais independência, mais autossuficiência. Entretanto, essas conquistas nos custaram tempo e energia. É provável que o valor dos salários tenha diminuído com a entrada da mulher para o mercado de trabalho, pois hoje é muito difícil manter uma família com o salário de apenas um, e não podemos deixar de lembrar que anteriormente esse salário tinha o suficiente para sustentar famílias bem mais numerosas.

Apesar de tudo isso adoro ser mulher! Adoro meu sexto sentido, e minha capacidade de criar alternativas. Adoro amar e cuidar da minha família, dos meus amigos, dos meus pacientes, dos meus vizinhos, da minha cidade, do meu planeta.

Adoro me ocupar com pessoas e com as relações. Adoro a casa cheia de gente, adoro me envolver em várias atividades ao mesmo tempo e me desafiar em novos projetos que possam trazer benefícios à população. Penso que, não precisamos mais copiar atitudes masculinas para mostrarmos a nossa capacidade. Esse é o momento de nos apresentarmos ao mundo sem precisar copiar atitudes masculinas de agressividade e competitividade.

Nós mulheres costumamos ser mais ponderadas, pacificadoras, mais emotivas e mais afetivas. Entendo que são essas a características necessárias para um Mundo mais justo, mais humano e mais afetivo.

Precisamos nos mostrar mais, precisamos urgentemente agir mais com a nossa capacidade de cuidar e ajudar na construção de um lugar melhor. Por isso hoje, no Dia Internacional da Mulher, convido todas a se apropriarem mais desse lugar que nos pertence, fazendo o melhor uso que pudermos da nossa essência feminina.

Nós podemos ser, devemos ser e precisamos ser a nossa melhor versão para o mundo, pois somente quando isso acontecer teremos o mundo que sonhamos algum dia.