Na quinta feira há duas semanas, eu tinha sido convidada para dar uma entrevista sobre bullying no canal BH news, (um novo canal da TV a cabo) quando fomos surpreendidos com a notícia de que um homem tinha invadido a escola que estudara quando criança e matado várias pessoas. Imediatamente me perguntaram se podíamos mudar a pauta da entrevista e eu me disponibilizei para isso. Neste momento ficou claro para mim o quanto as pessoas e a mídia se mobilizam em torno de uma tragédia. Entendi que nestes momentos ficamos nos questionando quais teriam sidos os motivos para alguém cometer tal atrocidade. Talvez esses questionamentos sirvam para analisarmos os riscos e avaliarmos as nossas condições de enfrentamento no caso de sermos acometidos por uma situação dessas. Convém lembrar que a ampla cobertura do caso acirra ainda mais a vulnerabilidade das pessoas gerando uma onda de ansiedade na população, pois não temos com controlar o pensamento e as atitudes das outras pessoas e isso nos faz vulneráveis. Dessa forma as nossas perguntas em nada nos ajudam, pois não conseguiremos através delas evitar que algo de ruim nos aconteça. Por outro lado esse sensacionalismo pode fazer com que algumas pessoas se identifiquem com o perfil e história do assassino o que poderia contribuir para o aumento da violência.
Penso que deveria existir uma lei que proibisse o exagero nestes casos. Qual o beneficio de determinar o perfil do assassino? Isso amenizaria a dor dos familiares? Poderia impedir outros problemas como esses no futuro? Porque o nosso questionamento geralmente gira em volta do negativo com perguntas sem respostas?
Não seria mais benéfico investirmos em perguntas que possam ter respostas?
Distribuir gentileza, ser afetivo, amoroso ou tirar boas notas é brega. O legal é zoar com a cara dos outros para ser forte e ser admirado? Os bons e sensíveis sentem-se com freqüência injustiçados quando o colega rouba a merenda e nada acontece com ele. Nessa ótica, qual seria a vantagem de ser bom? O bom fica sem merenda e sem amigos? Com esses conceitos invertidos, como podemos exigir a paz?
As crianças desde cedo aprendem que o bom é tirar vantagem dos outros, e que burro é aquele que não sabe colar, ou que faz o trabalho para os outros colegas.
Se queremos um mundo melhor podemos começar por nós, nas nossas atitudes. Não compensa esperar que políticos se tornem honestos, ou que não exista mais violência no mundo, pois isso não podemos controlar. Mas os nossos pensamentos são determinantes para as atitudes positivas. Deixemos as perguntas sem resposta de lado e vamos pensar no que pode gerar mudança. Quais são os exemplos positivos que podemos seguir? Vamos ensinar as crianças a respeitarem os coleguinhas a se sentirem orgulhosos por serem bons, mesmo que isso seja diferente. Ser bom é ser mais forte, mesmo que não pareça assim inicialmente. Vamos ensinar que ser diferente e bom é a única saída. Vamos dar recursos para que os pequenos não se sintam intimidados diante de uma ameaça, mas fortes por saberem o que é certo. Vamos dar bons exemplos, pensar e agir com mais tranqüilidade. Vamos nos preocupar em amar e não em receber amor. Amar podemos controlar, mas o amor que iremos receber não. Então façamos o que cabe a nós ao invés de ficarmos paralisados aguardando as atitudes dos outros.
Tem uma música do Antônio Júlio, meu amigo, (do Tia Nastácia) que eu adoro e está sempre atual. Chama-se: Aonde tem amor. É LINDA! VALE OUVIR.