Ser psicóloga para mim não é uma profissão e sim uma vocação. Desde muito cedo me preocupava com o bem estar das pessoas a minha volta e achava que tinha o dever de ajudar as pessoas a serem mais felizes. Me lembro de uma situação passada no jardim da infância em que um colega ridicularizou uma amiga minha pelo fato dela não ter mãe, já que a mãe dela tinha morrido no parto da irmã, e eu parti para briga em defesa dela que só chorava. Apanhei mais do que bati, mas pelo menos minha amiga soube que alguém estava cuidando dela, ou pelo menos foi assim que percebi a situação. Em outra ocasião tentar fazer rir meus pais e meus avós que estavam muito tristes com a morte de uma vizinha muito querida, e me lembro de por alguns segundos observá-los sorrindo o que me fez compreender que eu podia conseguir amenizar o sofrimento das pessoas. Durante a minha adolescência inteira funcionei como uma espécie de conselheira para as minhas amigas e sempre tentava consertar situações complicadas em que algumas delas se metiam. Esses eventos e muitos outros contribuíram para que eu pensasse que tenho o dom de ajudar as pessoas a se sentirem melhor e isso me motiva cada dia mais. Esse meu exemplo acima serve para tentar demonstrar que não são as situações que nos acontecem que são responsáveis pelas nossas reações emocionais e comportamentais, mas sim a forma com processamos os eventos. Os nossos pensamentos estão presentes em todos os momentos da nossa vida e não há como controlá-los ou evitá-los, nem mesmo quando são indesejados, mas podemos escolher se daremos ou não credibilidade a eles.

Escrever essa coluna é para mim uma oportunidade de ajudar pessoas para além da porta do meu consultório. Penso que algumas pessoas conseguem mudar o paradigma apenas com uma leitura que faça sentido para elas. Tenho experimentado respostas bem positivas neste sentido, pois não é incomum receber cartas agradecendo algum comentário que fiz quando participo de algum programa de rádio ou até mesmo no meu blog. Acredito no poder de uma escrita simples que faça sentido para as pessoas e que possibilite uma nova reflexão que poderia resultar um ganho em qualidade de vida. A escrita pode levar até as pessoas as informações e a motivação que elas precisam para transformar. Basta sabermos utilizá-la com esse propósito. Além da psicologia estudei letras interessada principalmente em literatura. Me encanta saber o alcance da linguagem e seus significados. E por falar em significados são os significados que damos às situações que nos ocorrem que vão nos moldando e criando e alimentando as nossas verdades. Digo nossas verdades, porque nada é 100% verdade, mas quando eu penso passa a ser uma verdade para mim. O fato é que mesmo que seja uma verdade para mim eu posso confrontá-la e desmitifica-la se ela me for prejudicial. É sempre possível criar formas alternativas e mais adaptativas de enxergar a si, o mundo e o futuro e é sobre isso que pretendo discutir nesta coluna. Podemos criar um equilíbrio nas várias áreas da vida e viver melhor, amando mais, proporcionando um bem estar a nós e às pessoas que nos cercam. Topas o desafio?

Texto escrito para o Blog da Revista Exclusive