Veja a entrevista.

O vício é um sintoma de um quadro disfuncional primário. Diante de um estímulo interno ou externo o sujeito recorre ao uso de substâncias como uma tentativa de regular o humor. O vício é uma atitude compensatória que contrariamente a meta inicial da pessoa acaba por agravar os problemas que o causaram. Para entender melhor: Suponhamos que uma pessoa tenha uma crença que é inferior às outras pessoas e se sinta triste por causa disso, quando ela entra em contato com uma droga ou bebida e se sente mais forte, ela pode entender que o uso da droga é a resposta para os seus problemas. No entanto, esse uso fará com que essa pessoa se sinta cada vez pior sem a droga pois a sociedade rejeita o usuário e isso evidenciará a sua idéia de inferioridade o que acaba por favorecer o uso. Mas o uso continuado piora esses problemas criando um círculo vicioso. As crenças facilitadoras, ou permissivas acabam por determinar ou não um vício. Crenças como: “A cocaína melhora a minha criatividade”, “O trabalho é minha única fonte de prazer”, “No mundo virtual as pessoas são mais amigas”, “quanto mais eu me exercitar fisicamente mais as pessoas vão gostar de mim”, “o jogo vai me fazer ficar rico” são crenças facilitadoras para o vício de cocaína, trabalho, internet, exercícios físicos e jogos de azar. Essas crenças dão uma falsa idéia de que o vício é positivo o que colabora para a perpetuação do mesmo. No entanto, mesmo que uma pessoa tenha uma predisposição biológica para o vício, se ela tiver uma crença facilitadora para o não uso de drogas ela vai acabar por rejeitar a oportunidade de experimentação: “é melhor não experimentar, pois eu posso gostar e isso não seria bom para mim” e com isso não se entregará ao vício. A pessoa viciada tem grande dificuldade de reconhecer o problema e por isso geralmente vem trazidas ao consultório por intermédio de familiares e amigos. Quanto antes for diagnosticado o vício melhor.