Sempre que alguma tragédia acontece as consequências vão para muito além das pessoas e famílias prejudicadas diretamente. Pessoas que nem mesmo moram perto no local do incidente podem ser afetadas.
Vivemos num mundo vulnerável, coisas ruins podem nos acontecer a qualquer momento sem nenhum sinal de alerta. Inconscientemente e conscientemente sabemos da nossa vulnerabilidade, mas procuramos evitar pensar nela.
Entretanto, quando somos bombardeados pela mídia e redes sociais com notícias da tragédia a nossa vulnerabilidade vem à tona e torna-se quase impossível não pensar: E se fosse comigo? E se fosse com algum amigo ou parente?
E se …. E se… E se….
Com a nossa ansiedade ativada, nos resta decidir o que faremos com ela. Se ficarmos nos preocupando sem uma ação provavelmente vivenciaremos a ansiedade negativa, mas podemos utilizar a resposta ansiosa de forma positiva quando utilizamos a energia gerada pela emoção para ajudar aqueles que foram afetados pela tragédia, por exemplo.
Convém lembrar, que o medo pode nos ser muito útil. A reação rápida das pessoas que se salvaram e das que agem no intuito de ajudar é provocada pela adrenalina e essa resposta é muito positiva, na maioria desses casos.
O medo, a tristeza, a raiva e o nojo são reações naturais às nossas percepções e não precisam ser interpretadas como negativas, apesar de muitas vezes nos trazerem sensações ruins.
A empatia, por exemplo, vem da tristeza que ativamos em nós pela capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. Se pensarmos: “Coitada! Nunca irá melhorar!” “Eu não daria conta de passar por isso!”, poderemos experimentar uma tristeza profunda que poderá nos fazer chorar. Entretanto, se observarmos o nosso pensamento que nos gerou tristeza, podemos criar um pensamento alternativo como: “Eu preciso fazer algo para ajudar essas pessoas”, que ajudaria num posicionamento em direção à solidariedade. Esse pensamento e essa empatia com o próximo é que nos estimula a recolher donativos para contribuir com as pessoas prejudicadas.
Uma outra emoção muito ativada, mas comumente mal utilizada, costuma ser a raiva. A raiva acontece quando temos uma regra nossa contrariada e é gerada por ideias de injustiça, prejuízo e desrespeito. É por causa dela que geralmente as pessoas buscam culpados, pois a culpa é uma estratégia que serve para aliviar desconforto, apesar de ser disfuncional, por não contribuir com as nossas metas e objetivos.
Uma boa utilização dessa emoção se daria se as pessoas utilizassem essa emoção na cobrança de providências com o intuito de descobrir o que gerou o problema para tentar prevenir que outras tragédias semelhantes aconteçam no futuro. Podemos utilizar a raiva para buscar soluções quando pensamos: “Eu vou fazer o que me cabe para que isso não volte a acontecer”. O problema é que muitas vezes, após o incidente as pessoas retomam suas vidas normais e focam na busca de culpados, como se a punição fosse resolver o problema e se esquecem de utilizar os aprendizados.
Mas será que a punição somente, sem aprendizado e sem mudança de atitude resolveria? Não seria mais efetivo nos engajarmos em causas que visam à segurança da população de forma preventiva? De que adianta punir ou culpar se providências preventivas não forem implementadas?
Nós cidadãos temos o poder, o poder de fazer diferente, o poder de aprender com os erros, o poder de buscar soluções, o poder de cobrar, o poder de nos organizarmos no intuito de mudar. Temos que aprender a não esperar que outros venham resolver por nós, precisamos ser sujeitos de mudança e nossas emoções podem ser de grande utilidade.
Precisamos enfrentar nossos medos e utilizar a energia para agir e nos proteger. Podemos agir em prol de uma resolução e as nossas emoções podem nos ajudar. Mas para isso precisamos mudar a nossa compreensão sobre elas. Você pode sentir tudo! Sentir é humano e necessário.
Que esse post sirva para refletirmos sobre como utilizamos nossos pensamentos e emoções e nos inspire a agir mais, a amar mais, a ajudar mais, a criar mais, a vencer mais! Porque nós podemos fazer o mundo melhor!