Imagine manter uma conversa com alguém que fala uma língua diferente da sua… vocês podem até se entender por gestos ou expressões, mas o diálogo é limitado. Entretanto, se apenas uma das pessoas decidisse aprender e praticar a língua da outra, já seria um grande facilitador
para a relação: com o amor é a mesma coisa! As pessoas falam diferentes linguagens do amor, então é nosso papel aprender a linguagem do nosso cônjuge.
Palavras-chave: Tanque do amor, Cinco linguagens, Paixão.
“Numa escala de zero a dez, como está o seu tanque de amor hoje?”
Você já se perguntou porque é tão comum as pessoas se queixarem que o amor esfriou depois de alguns anos de relacionamento? Essa questão foi respondida por Gary Chapman, pastor e conselheiro matrimonial estadunidense, que ao acompanhar diversos casais, chegou a
uma conclusão que, por mais simples que seja de compreender, muitos têm dificuldade em colocar em prática.
“Dentro de toda criança existe um ‘tanque emocional’ que deseja ser cheio de amor. Quando a criança se sente amada, ela se desenvolve normalmente, mas quando o tanque está vazio, ela se comporta mal. Grande parte do comportamento inadequado das crianças tem origem
em um ‘tanque de amor’ vazio.” Essa metáfora do psiquiatra Ross Campbell, especialista no tratamento de crianças e adolescentes, nos ajuda a refletir sobre o cerne dos problemas conjugais, pois compreendemos que a necessidade emocional do amor não é algo restrito às crianças, pelo contrário, é algo que nos acompanha ao longo da vida.
Voltemos aos parceiros desesperançosos que, depois do fogo da paixão, dão de cara com a realidade do dia a dia e sofrem ao ver seu casamento desmoronando. Será possível que no fundo desses casais exista um ‘tanque de amor emocional’ indicando que é hora de parar para abastecer? Acredito que sim, mas para cada indivíduo será necessário averiguar qual combustível vamos usar.
As cinco linguagens do amor
As linguagens do amor são os combustíveis que abastecem o nosso tanque que, uma vez cheio, é capaz de mudar a rota dos nossos relacionamentos. São elas: palavras de afirmação, toque físico, presentes, tempo de qualidade e atos de serviço.
Palavras de afirmação. Para algumas pessoas, um simples elogio pode ser o suficiente para preencher o tanque do amor. Porém, além deles, essa linguagem também engloba: palavras encorajadoras, que impulsionam o outro a chegar na sua melhor versão; palavras gentis, que são
relacionadas à maneira de falar, ou seja, expressar o amor genuinamente, sem ambiguidade ou ironia; palavras humildes, que refletem a possibilidade de expressar o amor, pois uma vez que não devemos fazer exigências, entendemos que apenas o pedir dá a liberdade e decisão ao outro; palavras de reconhecimento, entre outras, sejam elas ditas ou eternizadas por mensagens e cartas.
Toque físico. Além de ser um poderoso mecanismo de comunicar o amor conjugal, para algumas pessoas o toque físico é essencial para que se sintam amadas. Muitos podem ler isso e pensar que essa é a sua linguagem do amor, pois adoram o sexo e o consideram importantíssimo
na relação conjugal, e de fato, ele o é, porém ele é apenas uma maneira de demonstrar amor pelo toque físico. Os toques amorosos podem ser explícitos e exigir total atenção, como carícias e preliminares sexuais, mas também podem ser implícitos, exigindo apenas alguns instantes, como abraços inesperados ou um beijo na bochecha quando passa pelo outro no corredor. As crises são oportunidades singulares de expressar o amor pelo toque físico, mas não espere um momento difícil acontecer para dar um abraço confortante no seu cônjuge, tire proveito do dia a dia para demonstrar tudo o que sente.
Presentes. Presentear faz parte do processo amoroso e é um símbolo visual do amor, do dar e receber, é algo que você pode tocar e dizer: “Essa pessoa estava pensando em mim”. Algumas pessoas podem chegar a questionar o amor que seu cônjuge tem por ela pela falta desse
símbolo. Como diz Chapman, “você sempre será um poupador, mas investir no amor ao cônjuge é investir em ações de alta lucratividade”, e seu parceiro quer ver o quanto você está investindo nessa relação. Mas é claro que não é necessário gastar rios de dinheiro em todos os presentes, até porque o importante é o esforço, desprendimento, presença e significado que ele possui.
Tempo de qualidade. Se engana quem pensa que essa linguagem do amor se resume a “passar tempo juntos”. O tempo de qualidade requer muito mais que isso. Sabe aquele programa que o seu parceiro está propondo faz tempo? Que tal dar uma chance? A ênfase não está na
atividade em si, mas na razão pela qual estão praticando. Para que seu cônjuge se sinta amado nessa linguagem, é necessária atenção concentrada na pessoa amada, um bom diálogo, contato visual e discernimento de quando ouvir, observar e falar.
Atos de serviço. Como dito anteriormente, o amor não pode ser exigido e os pedidos podem nos direcionar a decifrar as vontades do outro, mas para que a relação não se desgaste com pedidos repetitivos e decepções, é preciso atenção, iniciativa e vontade de agradar seu parceiro. Ou seja, não se trata de lavar a louça de cara feia depois de dias que seu parceiro te pede. Essa linguagem pode ser resumida em: fazer as coisas que sabemos que o outro gostaria que fizéssemos com espírito positivo, dedicação, planejamento, esforço, energia e liberdade.
O que falta para mudar seu relacionamento? Atitude!
Antes do casamento ou no início dos relacionamentos somos impulsionados pela força da paixão, aquele sentimento intenso e gostoso que satisfaz temporariamente nossa necessidade emocional, pois sentimos que alguém se importa conosco, nos admira e nos coloca como
prioridade. Nosso tanque fica cheio e tudo se torna possível desde que estejamos com a pessoa amada. Porém, quando ela passa, voltamos a ser quem éramos e nossas ações voltam a ser influenciadas pelo modelo dos nossos pais, pela nossa personalidade, percepções e emoções, e temos para nós que ‘simplesmente não amamos mais’, como se o amor se equivalesse aquele sentimento inicial, passageiro e imaturo da paixão. Mas não: o amor é uma escolha diária de se doar a outra pessoa.
Portanto, é necessário entender que nossas ações precedem as nossas emoções, ou seja, não somos o resultado das nossas circunstâncias ou escravos das nossas vontades e sentimentos. O amor se torna verdadeiro quando esquecemos de nós mesmos para fazer o nosso cônjuge feliz e cabe a nós decidir diariamente amá-lo. E, caso escolhermos por amar, expressar esse amor da maneira que o outro pede tornará nosso amor mais eficiente em termos emocionais.
Referências
CHAPMAN, Gary. As Cinco Linguagens do Amor: Como expressar um compromisso de amor a eu cônjuge. 3ª Edição. Editora: Mundo Cristão, 12 de junho de 2013. MARSILI, Italo. A forma de AMAR que você PRECISA | Live #206 | Italo Marsili. Youtube, 22 de julho de 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Jt0p–eA56o