Autocobrança é exigência ou cobrança feita a si mesmo. Pensamentos como “Eu tenho que…”, “Eu deveria dar conta…”, “Deveria ter feito…”, “Todo mundo faz, então…”, “Por que sou assim?” são marcas de pessoas que têm a perfeição em suas ações como objetivo constante. Entretanto, como dizia Millôr Fernandes: “a perfeição é desumana”, literalmente desumana, e sua presença como sombra pode ser fonte de muito sofrimento. 

A autocobrança pode ser uma super exigência que fazemos para nos colocar disciplina em direção a um objetivo. Porém, essa energia atua como uma forma de pressão interna nos impedindo de ver os resultados brilhantes que conseguimos no nosso dia a dia. A pergunta é: será que essa postura não afasta a paz e coloca ainda mais ansiedade no meio do caminho rumo ao sucesso? 

Autocobrança faz parte da nossa vida. Afinal, saber se cobrar é importante e um traço que todo mundo tem em certa medida; porém, quando esse olhar para si mesmo é pouco generoso e muito recorrente, começa a surgir a autocobrança excessiva. Claro que temos o costume de achar que se cobrar é importante para conseguirmos alcançar uma melhora na qualidade de nossos serviços. Mas isso não é se cobrar, é ter disciplina para alcançar a sua meta. Ser disciplinado não é se colocar para baixo. Certamente, há cobranças externas como prazos de entrega de tarefas e limites de horas que devemos cumprir por dia. Mas todas essas cobranças externas não podem nos atingir tão drasticamente quanto a autocobrança que fazemos, porque essa exigência interfere justamente na maneira como nos vemos, ou seja, na nossa autoestima.

Vamos adicionando tarefas e mais tarefas à nossa lista e buscamos incansavelmente formas de “chegar lá” mais rápido. Esse é o ponta pé inicial para seguidas frustrações e outros sentimentos que, aos poucos, afundam nossa autoestima e saúde mental como um todo. Ao querer “abraçar o mundo” dificilmente alguém dá conta de todas as responsabilidades que toma para si e é comum iniciar muitas atividades ao mesmo tempo e não dar conta de tudo. Advém daí também o perfeccionismo, os sentimentos de ansiedade e a culpa. Ansiedade em querer fazer cada vez mais e culpa por saber que não dá conta de tudo, acreditando que a falha está em sua baixa competência.

Nos cobramos para conseguir atender diferentes expectativas, muitas vezes levando a uma sensação de prazer, satisfação e motivação. Porém, a autocobrança em excesso tem efeito oposto do esperado. A pessoa se vê cada vez mais insatisfeita e desmotivada – em casos mais intensos, até paralisada.

Isso acontece porque estar sempre esperando muito mais de si mesmo faz com que nada nunca esteja bom. E por mais que haja conquistas, elas são ofuscadas por supostos fracassos. A pessoa, então, se vê cansada de tanto tentar e acorrentada a um sentimento de incompetência.

A partir daqui, vá aos poucos se observando com mais generosidade e reconhecendo suas conquistas. Reconheça até aquele desafio pequeno que você superou. E quando você não conseguir algo, segure a autocobrança excessiva e pense: você teria mais generosidade se fosse outra pessoa supostamente falhando? Então, por que não se tratar assim também?

Por fim, aceite-se – sua saúde emocional agradece. Aceite seus limites, suas potencialidades, seu ritmo, sua jornada e quem você é. Continue sempre evoluindo e se desenvolvendo, sem precisar ficar se forçando nem se colocando para baixo. O objetivo é trilhar o seu caminho com mais leveza, e lembre: sua história é única assim como cada ser é único!

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