A discussão sobre a imoralidade na condução dos interesses públicos no Brasil é uma questão premente e o conhecimento de suas causas torna-se imprescindível para combatê-la. O povo brasileiro está condicionado inconscientemente por um processo histórico, social e cultural que propicia a continuidade dos vícios políticos. A abertura do brasileiro à autocrítica, que poderia possibilitar mudanças, paradoxalmente contribui para a manutenção do problema em face da baixa estima e conseqüente passividade. Torna-se assim, necessário que lideranças hábeis gerem na população a confiança acerca da possibilidade de mudança, o que alterará paulatinamente os padrões vigentes da psique coletiva. Os meios de comunicação são grandes aliados para rompimento desse ciclo vicioso. Enfatizar ações íntegras e afirmar a capacidade de superar obstáculos aumentaria a auto-estima da população, possibilitando o surgimento de novo sentido de vida que ajudaria a substituir as imagens negativas, em prol de posturas mais positivas e nem por isso menos realistas. Esse processo de reconstrução do inconsciente coletivo nacional demandaria tempo esforço e fé de líderes genuínos, capazes de gerar o orgulho de sermos brasileiros.
Tive o prazer de ser convidada para escrever este texto que foi utilizado como contracapa do livro: A abordagem multidisciplinar sobre a moralidade no Brasil, coordenado por Célia Pimenta Barroso Pitchon, lançado pela editora Del Rey em 17 de novembro de 2009. Esse livro é o resultado de palestras multidisciplinares oferecidas pelo Movimento das Advogadas Mineiras, e hoje e sempre esse assunto se torna cada vez mais urgente. Vale a pena ler.