Passar mais tempo em casa devido ao distanciamento social imposto pelo novo coronavírus traz a vantagem de estar mais presente nas atividades familiares, mas traz o ônus de potencializar transtornos psicológicos como as compulsões alimentares em quem já apresenta o quadro ou é suscetível a desenvolvê-lo. Isso porque os efeitos psicológicos desencadeados pela pandemia – estresse, tristeza, raiva, impotência, medo, angústia – podem refletir no ato de comer descontroladamente.

A pesquisadora e psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, Renata Borja, explica que o transtorno alimentar (TA) é qualquer padrão de comportamento alimentar que causa severos prejuízos à saúde, levando ao emagrecimento extremo ou à obesidade, descrito como patologia pela Organização Mundial da Saúde.

“Segundo o Instituto de Terapia Cognitiva (ITC), entre 40% e 96% dos pacientes com TA sofrem de depressão e ansiedade, sintomas que tendem a se agravar com o isolamento, se não houver acompanhamento de um profissional. No caso da vontade incontrolável de se alimentar, mesmo sem sentir fome, o indivíduo busca na comida conforto e segurança”, esclarece a especialista.

Por isso é fundamental ficar atento para que essa “fome emocional” não se torne uma compulsão alimentar. “Se a pessoa come mais rápido que o normal; come mesmo estando saciada; come escondida dos outros; fica mais introvertida; sente-se triste ou culpada por ter comido e apresenta outros vícios é hora de buscar ajuda”, recomenda Renata Borja.

Segundo a psicóloga, o uso dessa estratégia mal adaptativa do sistema de recompensa, o comer de forma desmedida, ocorre quando quem tem predisposição genética, biológica e/ou psicológica (vulnerabilidade) se expõem ou vive situação de estresse. “O cérebro para de participar totalmente da tomada de decisões e age automaticamente. Quando o comer em excesso torna-se um hábito e um ato sem consciência, ele não desaparece porque está codificado na estrutura do cérebro”, adverte.

A psicóloga explica que a dificuldade em virar a chave, abandonar hábitos nada saudáveis, como a compulsão por comida, deve-se, em parte, aos pensamentos sabotadores e permissivos que reforçam esse tipo de comportamento. “São pensamentos que minam a autoconfiança, incentivam a comer, desconsideram os conselhos positivos aumentando o nível de estresse. Para vencer essas barreiras, o autocuidado deve ser redobrado, incluindo uma boa noite de sono, a prática de exercícios físicos, atenção à qualidade do que é ingerido e comer devagar saboreando o momento, além da ajuda valiosa de uma equipe multidisciplinar de psicólogo, endocrinologista e nutricionista”, pontua Renata Borja.

Ainda de acordo com a especialista, um dos caminhos cruciais para tratar a compulsão é aprender a lidar melhor com as emoções, por meio da terapia cognitivo-comportamental. “Não há reeducação alimentar sem reeducação emocional. É possível fazer uma reestruturação cognitiva com mudança de hábitos identificando pensamentos desconstrutivos e sabotadores, as atividades que melhoram o humor, autovalorizar decisões assertivas, classificar o sentimento de prazer e realização após execução para se motivar, organizar e planejar as refeições, entre outras medidas”, destaca a terapeuta.

Link da matéria: https://www.bheventos.com.br/noticia/10-30-2020-pandemia-potencializa-compulsao-alimentar

➡Profissional Responsável: Renata Borja Pereira Ferreira de Mello | Psicóloga – CRP: 04/13403

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